
Caso Gamboa: Representantes da comunidade dizem que testemunhas desistiram de depor após intimidações
Defensoria Pública da Bahia acompanhou depoimentos do inquérito policial militar sobre operação que vitimou três jovens
A Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) acompanhou na última quarta-feira (16) os depoimentos do inquérito policial militar sobre a operação que vitimou três jovens na madrugada do dia 1º de março, no bairro da Gamboa, em Salvador.
De acordo com nota do órgão, representantes da comunidade e Ongs afirmaram que pelo menos três testemunhas deixaram de prestar depoimento por medo de represálias. Foram cinco as pessoas ouvidas, entre familiares das vítimas e observadores oculares da ocorrência.
As testemunhas prestaram o depoimento na sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública, por determinação do secretário Ricardo Mandarino, que designou também um delegado para estar a cargo exclusivo do processo.
De acordo com Wagner Moreira, representante da ONG IDEAS – Assessoria Popular, que tem articulado iniciativas junto à comunidade da Gamboa para garantir a elucidação do caso, foram ao menos dois episódios de ameaças evidentes.
“O primeiro incidente foi no próprio dia do ocorrido quando os policiais voltaram com o departamento técnico para perícia no local e intimidaram os moradores que presenciaram o ocorrido com gestos simulados de degola. O segundo veio dias depois com um carro à paisana que disparou tiros para cima e falas que provocaram a comunidade como ‘quero ver agora se vocês vão chamar a mídia’, entre outros”, explicou Wagner Moreira.
Segundo Ana Caminha, presidente da Associação de Moradores da Gamboa, o clima na área é de grande consternação. “A comunidade passou por um período de luto que fez com que mesmo bares não estivessem em atividade. Há ainda muito pesar e um grande sentimento de injustiça com tudo que ocorreu. Além disso, há muita tensão também. Foi uma intervenção muito incomum aqui”, disse.
